MELHORES PRÁTICAS
Cada marca estudada durante este projeto tem características bem exclusivas e atende a diferentes pessoas. Mesmo assim, muitas compartilham das mesmas estratégias de vendas e marketing, das quais 35 se destacam e compõem a lista de melhores práticas a seguir. O objetivo dessa compilação é inspirar, e não mostrar o que é certo e o que é errado, afinal, cada empreendedor tem uma história própria e abordagens distintas. E tratamos aqui de países, culturas e públicos diversos, então o que funciona nos Estados Unidos pode não funcionar tão bem no Brasil, e vice-versa. Fica a cargo de cada um reproduzir, à sua maneira, o que considerar melhor de acordo com sua realidade .
ATENDIMENTO
- Kendra Leonard, da The Art of Style, destaca a importância em se ter um relacionamento positivo com seus clientes. Para ela, ser sempre honesta e não querer que a pessoa compre seu produto a qualquer custo é essencial para que todos saiam de sua loja felizes com suas compras e, consequentemente, retornem.
- Aprender sobre os diferentes tipos de corpos e não fazer somente tamanhos pequenos das roupas pode atender a uma alta demanda de um público que se vê, muitas vezes, sem muitas opções de vestuário. Existe um nicho muito grande de consumidores pouco representados pelas grandes lojas, e muita oportunidade surge nesses meios.
- A personalização é, na maioria das vezes, vista como algo exclusivo e de alto valor agregado. No entanto, empresárias como Holly Aiken e Kelly Shatat souberam incluir a adaptação de produtos ao seu modelo de negócios sem cobrar a mais por isso, gerando, assim, mais vendas e reconhecimento. Se for aplicável ao tipo de negócio, pensar em algum modo de tornar o produto o mais customizado possível pode mostrar-se um bom diferencial de mercado.
COLABORAÇÕES
- A escolha do lugar de trabalho pode ser crucial para o processo criativo. Ter como ambiente de trabalho um lugar cercado por pessoas criativas e com diferentes olhares funciona em muitos exemplos, e é uma prática vista além da Carolina do Norte: pessoas que formam coletivos e espaços de coworking são cada vez mais comuns em grandes cidades. A menos que trabalhar sozinho se aplique melhor, investir em um espaço de trabalho compartilhado e se rodear por profissionais criativos pode ser uma boa opção para estar sempre conectado a diferentes visões de mundo.
- Muitos empreendedores veem as parcerias como uma boa estratégia para se tornarem mais conhecidos: eles indicam colaborações com outros empreendedores ou até mesmo marcas maiores, sendo que ambas as ideias podem ajudar a ampliar o alcance de marca.
COMPORTAMENTO
- Para Kendra Leonard, ser realista-otimista é essencial para saber lidar com as pressões do negócio. Ela também reforça a ideia de que se deve estar preparado para falhar e não considerar esses episódios como erros, mas como oportunidades de aprendizado.
- Ana Maria Muñoz, da Port of Raleigh, estava muito feliz em criar seu projeto Ring Cozy, mas logo percebeu que isso não era sua paixão e que ela não queria comandar a empresa para sempre. O reconhecimento deste fato foi um importante passo para ela decidir abrir a Port of Raleigh. É muito importante descobrir qual tipo de empreendedor você é por meio de perguntas simples. Saiba que você vai ser o “rosto” do seu negócio eternamente. Isso te deixa orgulhoso? Você quer administrar sua companhia para sempre?
- Para Kelly Shatat, há dias que são muito difíceis e eles só são enfrentados quando se está preparado. É importante nunca perder o sonho de ter sucesso e mudar a vida das pessoas por meio do seu negócio.
COMUNIDADE
- Existe uma cultura muito presente nos Estados Unidos em apoiar a comunidade e comprar do produtor local, mesmo que seja um pouco mais caro. Um produto feito em solo americano não só deixa o dinheiro circulando internamente, como mantém empregos e é mais sustentável. A marca 440 Gentleman Supply, que compra couros da Horween Leathers de Chicago, e a Raleigh Denim Workshop, que utiliza o denim produzido pela Cone Mills, em Greensboro, são exemplos famosos da cidade. Trata-se de uma mentalidade que é criada aos poucos, mas com potenciais de mudança gigantes.
- Ter um projeto educativo como o The Mama Bear, da Jessie Williams, nem sempre é viável, mas estar disposto a ensinar o que aprendeu é essencial para manter a comunidade mais unida e desenvolvida.
- Muitos empreendedores de Raleigh aproveitaram o fato de morar em uma cidade pequena para serem pioneiros. Cidades grandes sempre são mais caras e competitivas, então, tirar vantagem do senso de comunidade mais forte de lugares menores mostra-se uma prática inteligente em algumas situações. Ana Maria Muñoz sabe que existem muitas lojas como a mesma proposta da dela em cidades como Nova York e Los Angeles, mas não havia nenhuma em Raleigh. Isso a encorajou para abrir seu negócio na cidade.
- Estar próximo de empreendedores pode significar uma troca de ideias constante que só tem a acrescentar para o negócio. Criar coletivos, desenvolver parcerias, fazer editoriais e eventos é uma boa maneira de se tornar mais conhecido por uma rede de pessoas e potenciais clientes que só seriam atingidos por este meio.
CONHECIMENTO
- Saber usar recursos gratuitos ao redor, como consultorias, workshops e palestras é um bom caminho para adquirir conhecimento. Muitos empreendedores souberam cortar gastos supérfluos para controlar um orçamento mais enxuto. Avaliar o que dá para se fazer com o que se tem encoraja as pessoas a serem mais criativas e criarem novos jeitos de alcançar seus objetivos.
- O oferecimento de uma outra visão de áreas até então pouco conhecidas, e o conhecimento de diferentes necessidades pode ser uma boa fonte de inspiração e oportunidades. A multidisciplinaridade dos empreendedores de Raleigh é marcante, e muitos participam de encontros, seminários e palestras de assuntos não relacionados diretamente à moda.
- As organizações e associações têxteis e de moda locais são sempre cheias de informações e eventos sobre a área e podem estabelecer conexões com profissionais e serviços necessários. Estar próximo de entidades como essas é essencial para estar sempre informado e atualizado do que está acontecendo no setor.
- Trabalhar com algum empresário antes de abrir seu próprio negócio é ainda, para muitos, a melhor maneira de aprender noções de empreendedorismo na prática. A maioria dos entrevistados já possuía algum tipo de experiência na área antes de abrir sua própria marca, e muitos devem parte de seu conhecimento a esse período de aprendizado.
- Conhecer a fundo a história do lugar que se vive é uma atitude muito recorrente nos Estados Unidos. A Carolina do Norte tem um importante histórico com a indústria têxtil e é, atualmente, lar de uma das mais importante faculdade de Têxtil e Moda do país. O conhecimento e celebração deste passado é uma característica muito forte das empresas locais.
IMAGEM
- Já é amplamente conhecido o quanto as mídias sociais podem promover negócios. Ter uma boa seleção de fotos e notícias no Instagram, Facebook, Twitter, Snapchat e interagir não só com o cliente, mas com possíveis parceiros nacionais e internacionais, pode trazer inúmeros benefícios ao empreendedor.
- Muitos empreendedores falam da importância em se desenvolver uma marca forte e não investir somente em um artigo específico. Com isso, é sempre possível adaptar o mix de produtos e as opções quando necessário, não restringindo as possibilidades no futuro.
- Beth Stewart, da Redress Raleigh, acredita que as pessoas estão se tornando mais interessadas em roupas que contenham uma história. Se houver um interesse em focar nesse tipo de consumidor, investir em um bom storytelling pode ser uma opção inteligente, como levar a público o processo criativo, divulgar fotos do desenvolvimento da roupa e convidar as pessoas a fazerem parte do universo da marca.
- Paul Connor, da Lumina Clothing, decidiu dar algumas de suas roupas de presente para amigos próximos que ele sabia que falariam bem do produto e, um pouco mais tarde, acabou vestindo músicos como Boulevard e The Lumineers. Presentear pessoas influentes que representem a marca e conversem com o público consumidor desejado pode ser uma opção um pouco mais cara de divulgação, mas, se bem estudada, deve atrair bons resultados de venda e engajamento.
- É possível ver, da loja, os funcionários da Raleigh Denim Workshop confeccionando os jeans durante o horário comercial. Isso mostra o quanto a marca respeita e celebra o valor humano em cada peça de roupa, e eles querem que todos saibam disso. Ter uma confecção ao lado do seu ponto de venda não é um privilégio que muitas empresas dispõem, mas, num mundo marcado pelas redes sociais, dá para fazer algo parecido e compartilhar online o quanto a marca se importa com as pessoas que fazem suas roupas.
NEGÓCIOS
- Muitas empresas começam a ruir quando crescem demais e desordenadamente, por motivos parecidos: pouco planejamento, pouco recurso para bancar o crescimento e falta de experiência. Para Andrea Schmidt, da Rise & Ramble, planejar-se e estar pronta para crescer são ações consolidadas em seu dia-a-dia.
- Ter uma empresa pequena é tão difícil quanto ter uma empresa grande, mas alguns pontos podem ser mais vantajosos. Kaitlyn Herold, da Dogwood Collective, destacou que é mais fácil tomar decisões e não ficar presa a um plano de negócios, além de poder fazer mudanças mais rapidamente e ser mais próxima de seu público.
- Segundo Ana Maria Muñoz, fica mais fácil resolver os problemas quando o processo ocorre aos poucos. Se programar para fazer tudo que precisa em pequenas tarefas diárias é uma das táticas que a ajudam a produzir mais.
- Ainda para Ana Maria, planejamento é a chave do sucesso. Ela reserva um espaço de tempo a cada duas semanas para pensar, pôr no papel todas as suas ideias e enxergar o que seu negócio é hoje e o que ela quer que ele se torne.
- A diversidade de pessoas não só oferece um diferentes visões de mundo como enriquece discussões internas e promove melhores resultados na empresa. Ter uma equipe com diferentes backgrounds que compartilham o mesmo objetivo pode oferecer soluções criativas a velhos problemas.
PESQUISA
- É sabido que a venda de artigos de moda tende a decair com pessoas querendo pagar mais por viagens e por tecnologia e menos por roupas. Tendo isso em mente, é possível perceber que clientes não querem mais só comprar um produto, eles querem viver uma experiência diferente, seja ela online ou offline. Estudar os hábitos dos consumidores, prever o que eles esperam de uma compra e sempre reinventar o modo que o produto é vendido são algumas das estratégias observadas nos empreendedores de Raleigh.
- Estar atento às novas tendências de consumo é uma prática altamente recomendável. Sustentabilidade é uma que já se estabeleceu, enquanto a ideia de “comprar localmente” e upcycling ainda estão ganhando espaço. Se lhe for cabível, quanto mais rápido for o processo de adaptação a esses novos pensamentos que marcam gerações, mais chances de estar sempre na vanguarda da moda.
RECURSOS
- Ao mesmo tempo que há muitos cursos e palestras que exigem um alto investimento, existem muitos recursos gratuitos disponíveis, como consultorias, workshops e palestras, online e offline. Participar de iniciativas como essa são sempre um bom caminho para adquirir conhecimento.
- A academia está tornando a distância entre estudantes de moda e mercado de trabalho cada vez menor, principalmente por meio de parcerias de pesquisa. Estar conectado com a faculdade de moda local é importante para saber de eventos e aulas abertas que possam aumentar o network e bagagem cultural.
- Ter amplo conhecimento em áreas diferentes da moda é sempre um desafio. Enquanto alguns empreendedores preferem centralizar todas as ações da empresa, muitos acreditam que devem focar em seus pontos fortes e deixar assuntos que não dominam para outros profissionais. Os mais citados nas entrevistas foram advogados e contadores.
VENDAS
- Sabe-se que e-commerces facilitam a venda de produtos e são o futuro do varejo. Existem muitas plataformas que podem te auxiliar a montagem de uma loja online e, com isso, promover a aproximação de pessoas que não podem comprar o produto pessoalmente.
- Se possuir uma loja própria ainda não é possível, vender em multimarcas pode ser uma boa ideia para testar a recepção do público. Estilistas que passaram a vender nesses locais tiveram uma estratégia parecida: descobriram as multimarcas que existiam em suas cidades, aprenderam tudo sobre elas e não tiveram vergonha de mostrar seu produto. Andrea Schmidt, da Rise and Ramble, só está vendendo suas peças na Edge of Urge porque teve coragem de conversar com a dona, Jessie Williams.
- Participar de feiras de negócios e pequenos mercados pontuais é uma ação vista em muitos empreendedores entrevistados, que acreditam que este é sempre um bom jeito de divulgar suas criações e ampliar sua rede de contatos.